6º Fórum do Agronegócio debate geopolítica, produtividade, transição energética e conexão com o consumidor

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Evento da SRP reuniu 400 participantes no Parque Ney Braga Eventos, em Londrina (PR)

 

O 6º Fórum do Agronegócio, realizado na última quinta-feira (4), no Pavilhão Internacional do Parque Ney Braga Eventos, reuniu mais de 400 participantes, entre produtores rurais, cooperados, gestores, empresários e mais de 50 jornalistas em um espaço de 1.300 metros quadrados especialmente projetado para debates, networking e integração. Promovido pela Sociedade Rural do Paraná (SRP), o encontro contou com quatro painéis temáticos e uma palestra magna, discutindo temas estratégicos para o presente futuro do setor. 

 

Para o presidente da SRP, Marcelo Janene El-Kadre, o tema macro do evento, “Agro 360º: competitivo, sustentável e bem compreendido”, não poderia ser mais assertivo. “A palestras refletiram exatamente a necessidade de o setor atuar de forma integrada, equilibrando produtividade, responsabilidade ambiental e comunicação efetiva com a sociedade. Nosso objetivo é mostrar que é possível crescer de maneira eficiente e, ao mesmo tempo, ser transparente e compreendido em cada etapa da produção.”

 

Além do presidente da entidade, Marcelo Janene El-Kadre, participaram da cerimônia de abertura o governador do Paraná, Ratinho Jr, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion e o prefeito de Londrina, Tiago Amaral.

 

 

Geopolítica no agro: produção eficiente e acesso a mercados

O primeiro painel trouxe ao debate o papel do Brasil no comércio internacional e os desafios impostos por barreiras políticas e comerciais. O anfitrião do evento, Marcelo Janene El-Kadre, destacou que os produtores enfrentam limitações dentro da porteira, mas as maiores barreiras estão no mercado externo. “Precisamos abrir novos mercados, viabilizar dentro da realidade do produtor e acreditar em ações como este Fórum para gerar novas ideias.”

 

O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, ressaltou a relevância da segurança alimentar global. “O Brasil tem uma grande oportunidade diante da questão da segurança alimentar. Cerca de 70% da população mundial se alimenta basicamente de soja, milho e trigo, e grande parte dessa produção da América Latina está concentrada no nosso país.”

 

Para o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, mesmo com avanços na produção, a competitividade do Brasil ainda depende de fatores externos. “Superamos os Estados Unidos na produção de milho safrinha, mas enfrentamos riscos econômicos. Precisamos lembrar que tarifas são sempre decisões políticas e comerciais.”

 

Já Wagner Kronbauer, sócio-diretor da Apex, defendeu o fortalecimento da imagem do setor. “O agro não pode se prestar apenas a disputas ideológicas. Precisamos de seriedade, com uso de dados para garantir a segurança alimentar.”

 

Produtividade e competitividade

O segundo painel abordou como diferentes atores do agronegócio impulsionam o setor. O diretor vice-presidente da Integrada, João Francisco Sanches Filho, destacou o papel das cooperativas. “Nosso objetivo é agregar produtores de diferentes portes, validando tecnologias em fazendas experimentais e difundindo práticas de agricultura de precisão.”

 

Dagoberto Bernini, diretor da Cargill, reforçou a posição do país no mercado global. “A demanda por alimentos cresce continuamente e o Brasil tem condições privilegiadas para atendê-la.”

 

O engenheiro agrônomo Denis Costa defendeu a interconexão de todos os elos do setor. “O produtor não existe sozinho, precisa da academia, das multinacionais, das empresas e do apoio governamental.”

 

Na avaliação de Ralf Udo Dengler, gerente executivo da Fundação Meridional, a transferência de tecnologia é um dos pilares do avanço do agro. “Temos avançado em produtividade e no uso de biológicos, reduzindo defensivos e levando inovação diretamente ao campo.”

 

O papel do Brasil no movimento global de transição energética

O terceiro painel discutiu alternativas energéticas e o protagonismo brasileiro. Para Francila Calica, diretora de Assuntos Agrícolas e Sustentabilidade da Bayer Latam, o país chegou a uma posição de destaque graças a fatores como ambiente institucional estruturado, políticas públicas e avanço tecnológico. “Temos condições de chegar aqui porque o país se estruturou onde outros não conseguiram: água, terra, sol, um ambiente institucional bem estruturado com marcos regulatórios e políticas públicas, tecnologia avançada e profissionalização da agricultura. Não podemos esquecer desses fatores para não errar no futuro.”

 

Felipe Gonçalves, superintendente de Pesquisa da FGV Energia, ressaltou que mais de 88% da capacidade instalada no Brasil vem de fontes renováveis. “O país é visto como hub de sustentabilidade, mas precisamos avançar em políticas para descarbonização.”

 

Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino da FAEP, destacou a necessidade de políticas públicas de incentivo. “Mecanismos que reconheçam a preservação agrícola, como o pagamento por serviços ambientais são essenciais.”

 

Para Maurício Antônio Lopes, pesquisador da Embrapa Agroenergia, a bioeconomia é central nesse processo. “É preciso substituir soluções baseadas no petróleo por alternativas sustentáveis originadas da biomassa.”

 

Clauber Leite, diretor do Instituto E+ Transição Energética, alertou que o protagonismo depende de ação contínua. “A transição é um processo em curso. Para manter liderança, o Brasil precisa ser ativo, unindo forças para gerar ganhos ambientais e econômicos.”

 

Geração de valor: o agro conectado com o consumidor

O quarto painel discutiu a relação entre campo e consumo. A CEO e co-fundadora da Nude, Giovanna Meneghel, ressaltou a importância da transparência em toda a cadeia. “O empoderamento do consumidor é determinante. Transformamos resíduos de fibra e proteína em novos produtos, reduzindo emissões e agregando valor. Entregamos relatórios diretamente nas mãos do consumidor, oferecendo ferramentas para que ele compreenda de forma simples e possa tomar decisões de compra conscientes.”

 

A fundadora da Del Veneto, Flávia Brunelli, relatou práticas de sustentabilidade adotadas em sua propriedade. “O que geramos dentro da porteira é aproveitado. Os dejetos são transformados em insumo para a nutrição animal, e compartilhar isso com o cliente faz diferença.”

 

O diretor do Instituto Akatu, Lucio Vicente, destacou a necessidade de comunicação direta e didática com o consumidor. “O agro precisa assumir seu papel de comunicador. O consumidor está cada vez mais consciente e busca relações genuínas com quem produz. Tudo que se constrói precisa ser transmitido de maneira clara e acessível.” Ele ressaltou que, culturalmente, os brasileiros são opinativos e férteis em informação além da produção. “A decisão de compra muitas vezes é do consumidor, não do comprador. A pandemia trouxe uma percepção de que as pessoas precisam se sentir inseridas para gerar relações de afeto.”

 

Palestra Magna

Encerrando a programação, a jornalista e especialista em ESG, Giuliana Morrone,  ministrou palestra magna de forma interativa, entrevistando o público e promovendo debates sobre sustentabilidade, competitividade e posicionamento no agro. Durante a apresentação, ela destacou exemplos de estereótipos negativos que circulam sobre o setor e reforçou a importância de transmitir informações de forma transparente. “A transparência e uma comunicação eficiente são fundamentais. É preciso mostrar não apenas a sustentabilidade do agro, mas também sua competitividade saudável, para que essas práticas sejam corretamente compreendidas e valorizadas.”

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