À medida que o verão de 2023/24 se aproxima, as projeções climáticas indicam a continuidade de um El Niño forte, com temperaturas da superfície do oceano potencialmente excedendo 2.0°C acima da média. Este fenômeno, conhecido por sua capacidade de alterar padrões climáticos globais, têm implicações significativas para a safra de verão no país, especialmente considerando o pico de sua intensidade previsto para dezembro e janeiro.
O El Niño é caracterizado por um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o que afeta a circulação atmosférica e, por consequência, os padrões de chuva e temperatura em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Para os agricultores brasileiros, este fenômeno pode representar tanto oportunidades quanto desafios.
Historicamente, durante um El Niño, algumas regiões do Brasil experimentam um aumento nas chuvas, enquanto outras enfrentam secas.
Isso significa que, enquanto algumas lavouras podem se beneficiar de uma maior disponibilidade de água, outras podem sofrer com o estresse hídrico. Por exemplo, culturas como soja e milho, predominantes na safra de verão, geralmente se beneficiam do aumento das chuvas em áreas chave de cultivo, potencialmente levando a rendimentos mais altos.
Contudo, os excessos provocados pelo El Niño, podem trazer impactos significativos como a redução na produtividade e na qualidade das culturas.
Além disso, a possibilidade de que o El Niño se estenda para 2024, mesmo com previsões apontando para um retorno à neutralidade, sugere que o plantio da safra de inverno também poderá ser afetado.
Vale ressaltar que, em anos subsequentes a um El Niño, tende-se a observar temperaturas mais elevadas, o que pode impactar o desenvolvimento das culturas de inverno.Para 2024, espera-se que as temperaturas possam alcançar recordes ainda maiores do que as observadas em 2023, o que exige um planejamento cuidadoso e a adoção de estratégias de mitigação, como a seleção de variedades de culturas mais resistentes ao calor e a implementação de práticas eficientes de manejo de água.
A análise é do meteoreologista, Gabriel Rodrigues
Fonte: Agrolink