A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vai revisar sua estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária neste ano. Anteriormente, no início de agosto, a entidade projetava avanço anual de 12,2% na atividade econômica agropecuária.
A revisão decorre do resultado divulgado nesta sexta-feira, 1º, mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou alta de 17,9% no PIB da Agropecuária no primeiro semestre em comparação com igual período de 2022.
“O viés de revisão é de alta com um resultado muito bom no 1º semestre. Estimamos que a atividade agropecuária deve crescer próximo entre 13% e 13,5%. A alta virá principalmente da safra de grãos e de algumas culturas a rebote, como cana-de-açúcar e café”, antecipou o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, ao Broadcast Agro. Os números estão sendo ajustados pela entidade.
Para o PIB brasileiro, a CNA deve revisar, com viés baixista, sua estimativa anterior de avanço anual de 1,2%. “Olhando os indicadores, a indústria extrativa foi muito bem no acumulado do ano, mas a indústria de transformação, que representa metade da indústria, não foi tão bem no período. Então, revisaremos a perspectiva”, afirmou Conchon.
Com o maior crescimento estimado, a atividade agropecuária deve elevar sua participação no PIB nacional para a ordem de 8,5% ante 6,8% em 2022, projeta a CNA em estimativa preliminar. “A participação deve ser maior considerando o desempenho dos outros setores e da atividade agropecuária. No primeiro trimestre, a agropecuária representou 10,2% de tudo que o Brasil produziu e no segundo, 9,2%. Nos próximos trimestres, a participação deve ser menor pela sazonalidade do setor mas, no ano, outros fatores, como o desempenho da indústria, vão influenciar”, prevê Conchon.
Quanto ao desempenho do setor no segundo trimestre deste ano em relação a igual período do ano passado, Conchon avalia que o crescimento de 17% do PIB agro foi “positivo” e superou a expectativa da CNA, de alta de 14% a 15%. “O resultado foi muito bom, acima do que esperávamos e deve-se, principalmente, à maior safra de milho de inverno, de algodão e com contribuição positiva do café”, comentou.
Para os próximos trimestres, o principal ponto de atenção para a produção nacional é a ocorrência e severidade do fenômeno climático El Niño, que pode afetar a colheita da safra de inverno 2022/23 e o preparo e plantio da safra 2023/24. “A expectativa é que a safra de trigo venha bem, mas possíveis prejuízos causados pelo El Niño nos preocupam. O terceiro trimestre será o período da entrada da safra de trigo, com algum resquício da produção de algodão e boa previsão de cana-de-açúcar. A produção de laranja também nos preocupa”, pontuou Conchon.
Fonte: Estadão Conteúdo/Visão Agro