Presença confirmada do 4º Fórum do Agronegócio, em 18 de setembro, em Londrina (PR), Guilherme Soria Bastos, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV (FGV Agro), somará sua experiência e conhecimento à mesa-redonda “Resiliência dos sistemas alimentares: fortalecer do local para o global”.
Para Bastos, é essencial haver uma interlocução entre diversas esferas para debater o fortalecimento do setor.
Confira a seguir, a entrevista realizada com a liderança sobre o tema:
Sociedade Rural do Paraná: Como, na sua visão, eventos como o Fórum do Agronegócio – que unem governo, academia, empresas e especialistas da área – podem contribuir para o desenvolvimento do agronegócio?
Guilherme Bastos: É fundamental haver essa interlocução entre diversas esferas. O agro é amplo, no conceito, na dispersão geográfica, no público alvo, nos temas. Um momento para se debater soluções, orientadas para os grandes desafios do setor, e também uma oportunidade de propor novas agendas.
SRP: Quais diferenciais tornam o Brasil uma referência mundial no que tange a capacidade de “Produzir e Conservar”?
GB: 1. Conseguimos produzir praticamente o ano todo, de norte a sul do país. Além da grande extensão territorial, clima favorável e abundância de recursos naturais, possuímos uma rede de pesquisa público e privada dedicada ao aumento da produtividade, ao uso racional dos recursos naturais e dos insumos, ao aumento da resiliência à mudança climática. 2. Nossa atividade agropecuária se destaca como sendo moderna e tecnológica, com grande produtividade e eficiência. Estudos demonstram que a produtividade total de fatores da agricultura brasileira é uma das que mais cresce em comparação com outros países. 3. O Brasil utiliza 30% da sua área com pastagens, lavouras e florestas plantadas, e preserva área de vegetação nativa em outros 33% do país. Considerando outras áreas de conservação, o total de vegetação nativa atinge 66% do território, segundo a Embrapa (estudo ratificado pela NASA). Portanto o país é uma verdadeira potência agroambiental, pois mantém a liderança na produção mundial e exportação de diversos produtos agropecuários, enquanto mantém 66% da sua área preservada.
SRP: Quais as principais ameaças e desafios enfrentados pelos sistemas alimentares atualmente?
GB: As principais ameaças e desafios enfrentados pelos sistemas alimentares atualmente são a mudança climática, a perda da biodiversidade, a degradação do solo e poluição da água, a falta de acesso à água potável e à energia limpa, e a desigualdade social. Mais recentemente tivemos o episódio de uma pandemia, seguida por um conflito geopolítico que afetou o embarque de alimentos e de fertilizantes.
SRP: Quais ações devem ser trabalhadas pensando no funcionamento contínuo dos sistemas alimentares e adaptação às mudanças climáticas?
GB: Para enfrentar esses desafios é necessário adotar práticas agrícolas que promovam a conservação do solo e da água, fomentar a pesquisa para o aumento da produtividade das atividades agropecuárias e aumento da resiliência às adversidades climáticas,
SRP: Como tornar os sistemas alimentares mais sustentáveis?
GB: Somente com muita pesquisa e extensão, além de tornar as tecnologias ambientalmente sustentáveis (produtivas e racionais na utilização de insumos e recursos naturais), economicamente viáveis e acessíveis para todos os produtores.