O mês de julho é marcado pelas operações de colheita em algumas das principais culturas do Brasil, como o algodão, milho safrinha, feijão e sorgo. Além disso, é um mês crucial para o desenvolvimento das lavouras de trigo no centro-sul do país e as frutas de inverno na região Sul. Monitoramento de junho
Segundo o boletim mensal de monitoramento das lavouras realizado pela Cona, em junho, as chuvas no Nordeste beneficiaram as lavouras de feijão e milho da terceira safra, enquanto no Sul, favoreceram o milho segunda safra e o trigo.
No Centro-Oeste e Sudeste, a escassez de chuvas ajudou na secagem do milho e na colheita de algodão, mas prejudicou algumas lavouras de milho em estágio reprodutivo em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, além do Matopiba. Os índices de Vegetação (IV) indicam condições favoráveis para o milho segunda safra, apesar de um atraso na semeadura. Exceto em São Paulo e Paraná, o IV nos principais estados produtores de milho segunda safra está em queda, devido à maturação e colheita das lavouras.
El Nino
Nas projeções mais recentes, as probabilidades para El Niño são superiores a 90% ao longo de todo o período de previsão – indo até março de 2023 com mais de 90% – incluindo o trimestre de junho, julho e agosto.
As maiores preocupações neste momento vão para a intensidade do fenômeno, visto que algumas simulações, como a do centro de previsão climática Australiano indicam o aquecimento gradual das águas no Oceano Pacífico, superando o limiar de +2°C na previsão, indicando um fenômeno potencialmente forte e que pode trazer impactos significativos ao longo dos próximos meses.
Previsão de temperaturas
A tendência para julho é que todas as regiões do Brasil registrem temperaturas acima da média do período. Por um lado, isso é positivo pois as condições de geadas são mais restritas às áreas de maior altitude, além de serem mais fracas do que o normal. Por outro lado, as temperaturas mais elevadas podem influenciar os ciclos das lavouras de clima temperado (frutas de caroço, quivizeiro, macieira, videira, etc).
As temperaturas mais elevadas também podem agravar as condições hídricas da região central do Brasil. Dentro das normais climatológicas – isto é, o que seria esperado do clima – algumas regiões têm volumes inferiores aos 10 mm em todo o mês. A combinação de tempo seco e temperaturas mais elevadas acelera a perda de umidade do solo e das plantas por evaporação e evapotranspiração.
Previsão de chuvas
Mesmo com os claros sinais da influência do El Niño no país, as chuvas devem ficar abaixo da média em alguns setores da região Sul. A redução nas chuvas será mais evidente na primeira e terceira quinzena do mês. Não significa a total ausência de chuvas, mas que as chuvas devem vir com menor intensidade neste período.
Já no extremo norte do Brasil, a tendência é de chuvas abaixo da média – um padrão consistente com a influência do fenômeno El Niño – que devem se estender até a parcela central do Amazonas e litoral norte e nordeste da região Nordeste.
O único setor que tem uma sinalização mais forte para chuvas acima da média é o leste de Santa Catarina, a tendência é de chuvas acima da média para o período.
Material elaborado pelo metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete.
Fonte: Agrolink