O bom desempenho do município de Ortigueira (Campos Gerais), de quase 22 mil habitantes foi essencial para fazer do Paraná o maior produtor de mel do País. Dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o Estado colheu 7.229 toneladas do produto em 2019, ultrapassando o vizinho Rio Grande do Sul (6.262 toneladas).
O resultado é 14,6% superior ao ano/safra 2018, quando a produção cravou 6.307 toneladas, e confirma a evolução recente da apicultura paranaense – a produção cresceu 15% nos últimos cinco anos pesquisados, partindo de 6.287 toneladas em 2015. É justamente o incremento na colheita de mel que marca a retomada da série Paraná que alimenta o mundo, conjunto de reportagens que pretende ressaltar o poderio do Estado no agronegócio – o material foi suspenso por algumas semanas em virtude da pandemia da Covid-19.
A qualidade do néctar de Ortigueira é atestada nacionalmente. A cidade recebeu em 2015 o registro do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) por Dominação de Origem, o chamado Indicador Geográfico (IG). O selo é dado para produtos cuja região, por motivos naturais, tem influência no conteúdo final da mercadoria. Segundo o IBGE, 3.919 municípios brasileiros apresentaram alguma produção de mel em 2019, somando 45.981 toneladas, com arrecadação de R$ 59,259 bilhões – R$ 7,215 bilhões saíram de sítios localizados no Paraná.
Sozinha, a cidade paranaense colaborou com 795,4 toneladas, seguida por Botucatu (São Paulo), Arapoti (Paraná), Itatinga (São Paulo) e Campo Alegre de Lourdes (Bahia). Os néctares típicos da região são o capixingui, eucalipto, assa-peixe, gurucaia, aroeira, vassourinha, gabiroba e angico.
NACIONAL – Com Paraná e Rio Grande do Sul rivalizando pelo posto de maior produtor, os outros estados se acomodam nas demais posições do ranking do mel. O Piauí é o terceiro, com 5.024 toneladas, seguindo por São Paulo (4.527), Minas Gerais (4.227), Santa Catarina (4.081), Bahia (3.942), e Ceará (2.677).
Em relação às regiões, o Sul respondeu por 38,2% de todo o estoque de mel do País. Na sequência aparecem o Nordeste (33,4%), Sudeste (21,4%), Centro-Oeste(3,9%) e Norte (2,2%).
“O mel do Paraná se destaca pela qualidade e também pelo volume. É responsável por 15,7% das quase 46 mil toneladas produzidas no Brasil”, afirma o médico veterinário Roberto de Andrade Silva, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
Mais da metade da produção nacional (50,5%), de acordo com o Agrostat Brasil, é voltada para o mercado externo. A sessão ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reúne estatísticas do comércio exterior do agronegócio brasileiro.
Os Estados Unidos, com 74,6%, são o principal comprador do mel brasileiro. Alemanha, Austrália, Canadá e Bélgica aparecem na sequência. “O mel é diferenciado e agrada muito no exterior. O momento é bom, por isso quero ampliar minha produção, passando de 700 para mais de mil colmeias”, destaca o produtor Alexandro Roberto da Silva, há 30 anos no ramo.
Fonte: Seab-PR