Com preços de commodities em patamar elevado e dólar alto, o valor da produção agrícola no Brasil atingiu novo recorde em 2022, de R$ 830,1 bilhões, um aumento de 11,8% frente a 2021. Já a produção de grãos cresceu 3,8% e chegou ao recorde de 263,8 milhões de toneladas, apesar da seca que afetou a produtividade de algumas culturas.
As informações são da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) 2022, que consolida os resultados da produção agrícola brasileira no ano passado e traz resultados inéditos para municípios e Estados do país.
A pesquisa mostrou, ainda, que a área plantada no país, considerando todas as culturas acompanhadas, chegou a 91,1 milhões de hectares, um aumento de 5,2% frente a 2021, uma diferença de 4,5 milhões de hectares. As áreas plantadas com soja e milho, as duas principais culturas nacionais, foram ampliadas, impulsionadas pelos bons resultados alcançados nas últimas safras, aliados aos preços das principais commodities, que se mantiveram em patamares elevados.
Em sua análise sobre o resultado consolidado da produção agrícola brasileira em 2022, o IBGE destacou a influência da guerra da Ucrânia, com restrição do comércio de algumas das principais commodities agrícolas, como o trigo e a soja, e da continuidade da valorização do dólar frente ao real na manutenção dos preços dos principais produtos agrícolas nacionais em patamares elevados.
Outro fator importante para explicar o desempenho agrícola do país em 2022, ressaltou o IBGE, foi a estiagem prolongada, com início ainda em novembro de 2021, durante o desenvolvimento das culturas em alguns Estados, especialmente os da região Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O fenômeno foi responsável pelo recuo da produção de algumas culturas, como a soja, o arroz e a 1ª safra de milho. Ainda assim, houve recuperação das culturas com predomínio de cultivo na 2a safra, como o milho.
Os números consolidados do IBGE mostram um retrato da safra brasileira em 2022: a produção de soja e de arroz teve queda, enquanto milho, trigo, café e algodão registraram aumento no volume produzido no ano passado, com recordes em milho e trigo.
Principal produto da safra brasileira de grãos, a soja teve redução de 10,5% em volume em 2022, para 120,7 milhões de toneladas. O valor da produção ainda cresceu, em 1,3%, para R$ 345,4 bilhões, ou 41,6% do total. Entre os municípios, os maiores produtores foram Sorriso (MT), com 2,1 milhões de toneladas, Rio Verde (GO), com 1,64 milhões de toneladas, e Formosa do Rio Preto (BA), com 1,58 milhões de toneladas.
Já a safra de milho cresceu 24% e atingiu recorde de 109,4 milhões de toneladas. O valor de produção foi de R$ 137,7 bilhões, uma alta de 18,6%. Os três municípios com as maiores quantidades produzidas do país são de Mato Grosso: Sorriso (3,8 milhões de toneladas), Nova Ubiratã (2,14 milhões de toneladas) e Nova Mutum (1,95 milhão de toneladas).
A produção de cana-de-açúcar, por sua vez, chegou a 724,4 milhões de toneladas, 1,2% a mais que em 2021. O valor de produção subiu 24,2%, para R$ 93,5 bilhões. Os líderes em produção foram Uberaba (MG), com 9,7 milhões de toneladas, Barretos (SP) com 6,64 milhões de toneladas, e Quirinópolis (GO), com 6,59 milhões de toneladas.
Na produção de café, houve crescimento de 6,3% do volume, para 3,2 milhões de toneladas, e de 48,8% no valor de produção, para R$ 51,8 bilhões. Também houve expansão na produção de algodão, de 12,4%, para 6,4 milhões de toneladas, e do valor da produção do produto, de 25,2%, para R$ 33,1 bilhões. O Brasil é um dos quatro maiores produtores mundiais da fibra e o terceiro maior exportador.
Já a cultura de arroz teve queda de 7,6% na produção, a 10,8 milhões de toneladas, e de 18,9% no valor de produção, gerando R$ 15,5 bilhões. O trigo, por sua vez, teve safra recorde de 10,3 milhões de toneladas, 31,3% a mais que em 2021, e de valor de produção, de R$ 15,7 bilhões, alta de 42,6% no ano.
Mais de R$ 1 bilhão
Dos 5.750 municípios brasileiros, 136 geram mais de R$ 1 bilhão em valor de produção agrícola por ano. Se considerado recorte de R$ 5 bilhões em valor gerado, são apenas 13 municípios nessa situação. Esse grupo corresponde, sozinho, a 10,8% dos R$ 830,1 bilhões gerados pela agricultura no país em 2022.
A concentração fica ainda mais clara quando se avalia o conjunto das 50 maiores cidades brasileiras nesse quesito: elas geram juntas R$ 205,7 milhões ou o correspondente a um quarto (24,7%) da geração de valor de produção agrícola no país no ano passado.
O retrato da concentração do valor gerado pela agricultura no Brasil está na pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) 2022, divulgada nesta quinta-feira (14/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os municípios com maior contribuição na geração de valor da produção agrícola, destacam-se Estados da região Centro-Oeste. A região responde teve valor de produção agrícola de R$ 304 bilhões, ou 36,6% do total nacional. O destaque está nas culturas de soja, milho e algodão.
No grupo dos que superam valor de R$ 1 bilhão, 48 dos 136 municípios estão localizados no Mato Grosso, que é o Estado que lidera e responde individualmente por 21,1% do valor da produção agrícola brasileira. Além disso, são 17 municípios de Goiás, 15 de Mato Grosso do Sul e 2 de Tocantins.
Na análise por regiões, o maior valor de produção agrícola depois do Centro-Oeste foi gerado pelo Sudeste, com R$ 209,6 bilhões, ou um quarto (25,2%). Isso ocorreu porque o Sul, tradicionalmente na segunda posição, sofreu com a estiagem e alcançou valor de produção de R$ 168,9 bilhões, uma queda de 11,7% frente a 2021. Com isso, o Sul ficou apenas com um quinto (20,3%) do total nacional.